Wednesday, July 29, 2009

Photo by Alexandre M.

Poeta de Ti


Dois segundos.
O tempo do suspiro
A torna de momento que almejo

Quando te vejo nua no papel
Dois seres …
Dois seres, mundos mudos
Dois segundos

A dista do tornozelo
ao teu joelho , que tantas narras teve

Nota do trovão que nunca
Tive no Abril, que hoje tenho
Sem ti

A sedução do papel, o desabitado
Sem cor … nada escrito.
Nele cabem todas as possibilidades
O ensejo ….
Os beijos que nunca te dei
As roupas que nunca te despi

Nele, respiro o orgulho queimado
Esta vontade de estar em ti

Não sei ser poeta
E se sei ,
Sei ser poeta de ti

Apego-me ao que chamamos virtual
Mas não será isso um pequeno senão?
Que tão qual a imaginação
(ser pequeno no mal?)
Me faz folhear o teu corpo
Hino sem canção

(fodo-te tantas vezes sem te tocar)

Vertijo-me em ti
E, sem contigo caber na tua banheira
Doo aos deuses as imagens em que nela
Te banhas de leite às escuras
De joelho não submerso
A deliciar
O vinho, o jazz

As vírgulas curvas tuas
Delitos famintos
Dos quatro cavaleiros,
És tu analogia melíflua,
O último dos meus apocalipses

Tuesday, July 28, 2009

Photo by Alexandre M.

Fome

Era a forma cúpula do teu corpo
Um desejo de volúpia
Rubro sangue , paixão cereja

Corria a ti em fantasia selvática
Beijava o corpo com o acerto de pérolas loucas
As vozes , tão moucas
De um cardeal agitado

Tal como um rio , torrente
de salivas , pornografia em óculo fácil
Reunião de corpos
Acervo, as actas

Afagar a carne tua
O sal húmido
Nem sol , qual lua
Eras tu , assim tão minha
Nua
Volátil e cansada

Oh mulher
Nunca de sempre
Amada
Rainha de copas negra
Princesa órfã de afecto.

É bom encontrar-te plena
Rasgada de rebate
Vestida de …
Roupa maninha, argêntea.
Suja de fluidos
Véus e céus de deusa.

A tempestade do inevitável
Preludia os cheiros
A causticidade da mão
Na silhueta cálida e suada.

Os sons deixam de o ser
Melodizam agora o ungir da pele
Acertamos as dentadas em papel ,com notas
e músicas desafinadas pelas tuas unhas em riste.

A pressão é de jeitos
Aferem no gotejar teu
Que te faço provar na boca míngua
Desenhada de lábios inquietos

Cedemos os corpos à demente
casta de luxúria
Na tua gorja
precipitar ósculos
deleites de fome mendiga

Os sussurros apressam
o cio clandestino
um liminar lascivo
prévio de sexo ávido
com rotundas lúbricas
sem sinais de proibição.

Lambo -te a pele salgada
Vertigem não tão,
assim, assinalada
Corrupio fértil de ampolas
Teus cachos
Frutas bravias, amoras

Paliando-me no teu lácteo
Corpo , encontro as demoras
Os sétimos dias dos deuses
Que arriscam serenos
o contemplar ocioso de quem te compôs
, um também com amor
Que não avisto
E então , amante
rotundo as Chinas
Cortejo os bordões das suas muralhas.

Assim , chuvoso , precipito-me
No teu voo sem mapa
Durmo , sem tapete carmino
E coro pela manhã com meu joelho no teu
Pequeno almoçar matutino
Cevado de risos , vergonhas
e memorias da noite que aconteceu.

Puxo o cigarro
E novamente,
Bebo os meus dedos em ti
Photo by Alexandre M.

"ainda sem título"

Não sei ser mais do que um nome
A linha de matriz cerúlea (o)
Que apega o corpo à alma do papel.
.
Vejo-te em sonhos de olhos encetados
Sobe o esgrime coice da tristeza
Na pena, a palavra adiada
Caligrafada em barbante de veludo
.
Como que te é compor a vociferar?
Tirar do escárnio o mal dizer
Que eu bendigo …
Não sois vós entre as mulheres
És sóis entre os homens .
.
Teu corpo sadio
Fecho de mármore
em concepção alvoroçada
.
Não te nego a paixão
A minha mão sobre a vírgula cinta
do teu corpo, em olhos meus
pretérito
de uma execução inacabada
.
Procuro te na sombra dos astros
Sentada
de copo ,vaza vodka,
a jubilar a manhã de mirtilos
.
Sem dedicatória
aponto o dedo.
O decepado séquito de alma
vestido de um malmequer
que bem te quer
.
Sei de ti,
Porque os teus deuses também dormem
E eu ,… mero homem
Ilustro as migalhas,
canto os pardais ,
desafio os ventos,
os caracóis , os gatos , os chacais .
.
Nasci sem saber
Que saberia …( A que sabe ? )
o teu nome .