
Poeta de Ti
Dois segundos.
O tempo do suspiro
A torna de momento que almejo
Quando te vejo nua no papel
Dois seres …
Dois seres, mundos mudos
Dois segundos
A dista do tornozelo
ao teu joelho , que tantas narras teve
Nota do trovão que nunca
Tive no Abril, que hoje tenho
Sem ti
A sedução do papel, o desabitado
Sem cor … nada escrito.
Nele cabem todas as possibilidades
O ensejo ….
Os beijos que nunca te dei
As roupas que nunca te despi
Nele, respiro o orgulho queimado
Esta vontade de estar em ti
Não sei ser poeta
E se sei ,
Sei ser poeta de ti
Apego-me ao que chamamos virtual
Mas não será isso um pequeno senão?
Que tão qual a imaginação
(ser pequeno no mal?)
Me faz folhear o teu corpo
Hino sem canção
(fodo-te tantas vezes sem te tocar)
Vertijo-me em ti
E, sem contigo caber na tua banheira
Doo aos deuses as imagens em que nela
Te banhas de leite às escuras
De joelho não submerso
A deliciar
O vinho, o jazz
As vírgulas curvas tuas
Delitos famintos
Dos quatro cavaleiros,
És tu analogia melíflua,
O último dos meus apocalipses